O principal objetivo de igrejas, mesquitas, templos, sinagogas outros locais de oração é aproximar os fiéis do divino, fazendo com que se sintam acolhidos, compreendidos e, assim, renovem sua fé. E a renovação da fé, na grande maioria das religiões, se faz por meio da palavra falada. Em alguns casos, também pela música. Por isso, é tão importante que as pessoas compreendam com clareza tudo que lhes é dito durante as missas, os cultos e as reuniões religiosas nesses ambientes.
No caso da Igreja Católica, por exemplo, desde a antiguidade esses locais possuem formas e características que não são as melhores para uma boa acústica. Isso se justifica porque o principal objetivo dessas construções, na época, era transmitir todo o poder e o dinheiro que a Igreja detinha, como uma forma de mostrar autoridade, relevância e submissão dos seus fiéis.
Por essa razão, a arquitetura era formada por colunas robustas, paredes grossas, grandes vitrais, arcos semicirculares, pé direito alto, cúpulas, grandes vãos, dentre tantas outras características que auxiliam na reverberação exagerada do som e, consequentemente, na sua baixa qualidade sonora. Esse modelo também foi reproduzido na maioria das grandes mesquitas.
Por isso, é muito comum você ir a uma celebração e não conseguir ouvir com clareza o que diz o padre, o pastor, o rabino, o imã ou quem quer que esteja incumbido de falar aos fiéis. Além disso, muitos desses locais estão inseridos em bairros residenciais, de modo que a falta de isolamento e condicionamento acústico costumam causar problemas entre vizinhos, por isso a importância de se pensar em um projeto específico de isolamento sonoro e, principalmente, condicionamento acústico para esses locais.
Materiais isolantes e absorventes possuem propriedades diferentes, como já falamos no post sobre fenômenos acústicos, mas a combinação dos dois é necessária para que se obtenha um bom isolamento sonoro, suficiente para não incomodar a vizinhança, e condicionamento acústico adequado, para uma melhora na compreensão da fala.
A quantidade desses materiais é sempre calculada levando em consideração a região em que a igreja ou o templo se inserem, o seu sistema construtivo, a área do espaço destinado às celebrações, o pé direito, o seu volume interno, os materiais de revestimento de suas superfícies, os principais instrumentos utilizados nas cerimônias, etc.
ISOLAMENTO E VEDAÇÕES
ESQUADRIAS ACÚSTICAS
A forma mais eficaz de se controlar o som, para que ele não escape e se propague para fora do ambiente, é fechando todas as frestas. Por isso, investir em portas e janelas acústicas é imprescindível quando falamos de isolamento sonoro.
Mas, se não for possível trocar as portas e as esquadrias da sua igreja por algum motivo, é importante verificar e renovar todas as vedações para que o escape de som seja o mínimo possível.
CONDICIONAMENTO ACÚSTICO
FORRO
O forro é um elemento que deve ser muito bem avaliado, e seu principal objetivo deve ser garantir a difusão, para facilitar o espalhamento do som, evitar ecos e focalização do som. Para isso, é importante que o projeto de acústica garanta a distribuição uniforme do som no ambiente, com materiais que favoreçam a difusão sonora, geralmente duros, convexos, ou com algum tipo de irregularidade superficial.
Além disso, o excesso de baixas frequências é comum na maioria das igrejas, por isso a importância também de usar materiais absorventes e, assim, ajudar a equilibrar a reverberação no ambiente.
Para isso, o mercado dispõe de muitas opções de forros, por exemplo: fibra mineral, lã de vidro, lã de pet, gesso ou madeira perfurada preenchida com lã, cada um com diferentes coeficientes de absorção sonora (α).
Para igrejas mais tradicionais, que não podem passar por grandes mudanças no forro, uma opção são os baffles ou nuvens acústicas, que proporcionam um charme no ambiente, sem comprometer a estrutura de forro e cumprem seu papel de bons absorventes.
REVESTIMENTOS DE ABSORÇÃO NAS PAREDES
Os painéis acústicos, fixados nas paredes, estão presentes no mercado nas mais diversas formas, tamanhos, cores e modelos, com tecnologia capaz de produzir de forma personalizada, de acordo com a sua necessidade e desejo. Essa é também uma forma interessante e eficaz para auxiliar no decaimento do tempo de reverberação e na absorção sonora.
Outra alternativa para o controle da reverberação em ambientes que não podem receber revestimentos nas paredes é investir em cortinas grossas e pesadas, com alto coeficiente de absorção, para ajudar a reduzir os ecos e reflexões indesejadas.
PISO
A escolha do piso também é de extrema importância pois, se especificado corretamente, ajuda a mitigar o ruído de impacto decorrente do caminhar das pessoas e contribui para o controle da reverberação.
Materiais absorventes ao impacto, como os carpetes, devem ter preferência na escolha, e quanto maior for a sua espessura, maiores serão os seus coeficientes de absorção sonora, o que garante um melhor desempenho. Além dos carpetes, também existem os pisos emborrachados específicos.
Esperamos que você tenha gostado de saber mais sobre acústica em locais de oração, suas principais dificuldades e como fazer para evitar problemas com a vizinhança e diminuir o excesso de reverberação desses ambientes. Para aprender saber mais sobre este e outros assuntos, como acústica de edificações, acústica urbana, acústica de salas e estúdios de gravação, inscreva-se grátis em nosso blog para não perder nenhuma informação. E marque um(a) amigo(a) que possa se interessar!
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